Gosto de conhecer os artistas populares em cada uma das cidades por onde passamos. Aqui em Belmonte descobri uma senhora, ceramista, que se mantém com o seu trabalho de arte no barro. É a Dona Dagmar, de 75 anos, que há mais de 40 cria lindas peças de cerâmica.
Matriarca de uma numerosa família, Dagmar nos conta a sua história. Filhas, netas e bisnetas trabalham com o barro e dele também tiram o seu sustento.
Um imenso vaso de barro na entrada da oficina registra a história de vida e a fé desta brava mulher.
Encontro Celma, uma das filhas de D.Dagmar, criando uma peça que mostra uma imagem recorrente na cerâmica da região do Jequitinhonha – a mulher.
Celma é muito simpática. Conversamos sobre o seu processo de trabalho e ela me explica que vai suspendendo a peça aos poucos, adicionando pequenas porções de barro e modelando, em vez de modelar no bloco de barro, como fazem alguns ceramistas, para depois “ocar” a peça.
As netinhas chegam da escola e se aproximam de mim para conversarmos. São criadas junto ao barro e já se iniciam com a avó na arte da cerâmica.
Eu pergunto como é realizada a venda de tantas peças e D.Dagmar me responde que ela não tem nenhuma loja para exibi-las e que a venda é feita diretamente na sua oficina, onde muitas peças estão dispostas em prateleiras ou mesmo no chão. Orgulhosamente, ela me conta que tem peças em vários países da Europa, compradas por turistas que visitam Belmonte.
As peças são queimadas em um grande forno a lenha, construído junto à oficina.
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